Quase que por um lapso, só fui ter contato com seu trabalho no ano seguinte, após sua publicação. Os trabalhos do NpLarp e do Boi Voador começaram também 2011 - e na época, perdemos a oportunidade de "trocar figurinhas". A leitura de sua dissertação me impressionou pela consistência do trabalho desenvolvido teórica e praticamente - e também pela farta documentação anexa. A interface com o Drama Processo foi novidade para mim. Mas se o referencial teórico do teatro foi uma grata surpresa, senti a falta do referencial específico sobre o larp. Àquele tempo, Sarturi tinha tido muito pouco contato com a produção internacional do larp, seja prática ou mesmo teórica, e nenhum com nossas pesquisas aqui em São Paulo.
No trabalho intitulado "Quando os dados (não) rolam: Jogo, teatralidade e performatividade na interação entre o ROLEPLAYING GAME e o Process Drama" Sarturi usou o texto Bruxas de Salém (The Crucible) do dramaturgo norte-americano Arthur Miller como ponto de partida para criar uma analogia à própria ilha de Santa Catarina nos tempos presentes. Comunidades religiosas, organizações autônomas femininas e especulação imobiliária foram alguns dos temas que pegaram impulso no texto de 1953.
A trajetória dele com o Larp começa em Curitiba em 1994, por meio dos jogos de RPG. Após tomar contato com o larp no Encontro Internacional de RPG daquele ano, em Curitiba, com a presença de Mark Hein*Hagen, Sarturi passou a criar dentro da linguagem, rapidamente abandonando o universo dos jogos de RPG e enveredando por suas próprias criações, muitas delas com inspiração literária. Por anos, Sarturi e o grupo que fazia parte, Enigma, exploraram a linguagem em ambientes públicos e abertos, assim como fazem a Confraria das Ideias e o Boi Voador em São Paulo - mas as investigações em Curitiba foram em outro sentido. Ali era comum alguns larps durarem dias e não horas. Infelizmente, não houve qualquer tipo de documentação (ainda) dessa história - e todo referencial teórico específico do larp que encontramos na dissertação vai pouco além dos livros de RPG da série Vampiro: A Máscara, publicados entre 1994 e 2002.
Agora, 5 anos após a conclusão da pesquisa, revisitaremos juntos a Ilha das Bruxas, cruzando nossas experiências e perspectivas. Nesta nova adaptação, somaremos à investigação original o acúmulo do próprio Apenas um Jogo, em uma montagem para apenas algumas horas, fazendo uso também das técnicas e composições do nosso atual repertório, mas sempre buscando diálogo com os materiais de referência - seja o fato histórico de 1692 em Salém, a peça teatral de 1953, o filme de 1996, o larp-processo de 2012 e, sempre, inclusive honrando o sentido original de The Crucible, os tempos em que vivemos.
dia 29 de outubro, domingo - 14h00 / Sala de Convenções Grande
Baseado na peça "As Bruxas de Salém", de Arthur Miller, o larp criado por André Sarturi se passava em uma ilha, análoga a ilha de Florianópolis, nos tempos atuais. Temas da peça como a perseguição, a disputa por terras, a religiosidade e outros eram retrabalhados à luz da realidade brasileira.
Sarturi desenvolveu o tema em seu mestrado, concluído em 2012. Na ocasião, produziu uma interface entre o larp e o Drama Processo, resultando em um larp dividido em episódios, com o recursos cênicos.
Nessa nova edição, Sarturi se junta ao produtor e educador Luiz Falcão, refletindo as experiências vividas durante o desenvolvimento do mestrado e as influências da cena paulistana a internacional nos aspectos contemporâneos da linguagem. Os episódios se transformam em capítulos e as experiências mais significativas são transformadas em mecânicas de jogo.
A nova edição de “A Ilha das Bruxas” acontece em uma única tarde, dentro da programação Apenas um Jogo.
A partir de 16 anos.
link: evento no site do Sesc
link: evento no facebook
Hoje, é professor de pós graduação no IPGEX - Instituto de Pós Graduação, e doutorando pela Unicamp, onde pesquisa estratégias de convite a participação do público em dança, teatro e performance.
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