domingo, 30 de junho de 2019

10 anos atrás - Flash Mob e a internet contra a realidade "real"

Por acaso, precisei voltar a abrir uma caixa de email obsoleta, abandonada há muitos anos. Deu curiosidade de ver o que haveria na caixa de rascunhos e eu achei esse texto, escrito há exatos 10 anos.

Ele nunca foi terminado, mas resolvi publicá-lo mesmo assim. (sem alarde)


(e sem edições... nem reforma ortográfica, que aliás passou a valer naquele ano e ainda era novidade)



Flash Mob e a internet contra a realidade "real"


luizpires_mesmo...
Ter, 30/06/2009 00:08

Em tempos de orkut, facebook, twitter e iphone, está na moda falar que as novas tecnologias vão substituir coisas que existiam no passado. Está na moda também dizer que não vão. Nessa onda, muito se diz sobre parte da evasão que vemos no RPG nesses últimos anos ter sido ocasionada pela simplicidade e praticidade de um de seus "subprodutos" mais recentes: os MMORPGs.

Além de estarem na moda e em um ótimo momento de avanços e desenvolvimento - o que por si só já lhes garantiria bastante interesse - os MMORPGs tem algumas vantagens em relação a seus correntes como RPG tradicional de mesa e, o que vamos discutir aqui, os Live-Actions.

Instalar o programa e rodar em sua máquina, em uma internet de conexão veloz (supondo que você tenha esses recursos a mão) ou ir até a Lan House mais próxima e pagar por algumas horas de jogo. Em oposição a isso, montar uma simples sessão de RPG de mesa é quase como organizar um evento: tem que arrumar um local, confirmar a presença dos convidados (muitas vezes conhecer os convidados), garantir que todos se divertirão, descolar algo para comer. Um live então, nem se fala! Num live são ainda mais pessoas envolvidas, cenários, figurinos, um enredo e personagens previamente muito bem amarrados (num live é mais difícil tirar qualquer tipo de personagem ou evento da cartola, bem como locomover-se entre "locações").

Não só mais trabalho é necessário para começar uma partida de rpg de mesa ou live-action. Também parece haver menores, ou mais brandas, possibilidades de frustração. Os outros jogadores de um MMORPG (bem como você mesmo, enquanto jogador) provavelmente não dependem tanto de você, de seu personagem, de seu bom-humor ou disposição para com a narrativa quanto talvez dependam seus colegas de rpg/live. Especialmente se você é o mestre/narrador. Um jogador desmotivado dificilmente contaminará, em um MMORPG, todos os outros e mesmo que contamine alguns, a narrativa continua sem estes jogadores, o universo de jogo continuará existindo e disponível para quem quiser jogar. Dessa forma, em um rpg online, é muito mais simples começar e terminar uma sessão - e pode ser feito individualmente, sem grandes interferências no jogo do outro. O fator deslocamento também é praticamente nulo. Os maiores problemas que um jogador de MMORPG pode enfrentar como frustração são provavelmente conexão de internet muito lenta, queda de energia ou, quando muito, cenários desertos. O que também se contorna facilmente - procura-se outro MMORPG, ou interage-se com os non-player-characters (que no rpg online existem independente de uma amigo seu querer mestrar o jogo, ou em analogia a um live, de ter "figurantes" o bastante).

Há quem diga também que além dessa facilidade de começar/jogar/encerrar, um MMORPG tem também mais conforto que o RPG de mesa ou live. Além disso, que tem mais apelo e maior imersão, por ser um ambiente ricamente criado visualmente. Segundo essa lógica de argumentação, seria mais interessante jogar um RPG online com gráficos caprichadíssimos na Terra Média (cenário dos livros O Senhor dos Anéis) do que participar de um rpg de mesa onde o mestre apenas descreveria os ambientes - ou de um live-action, que dificilmente se aproximaria da riqueza, diversidade e magia que existem nos filmes ou jogos de computador da franquia.

Os defensores dessa teoria - que geralmente diz que os jovens de hoje querem tudo fácil, ou que as pessoas não se relacionam mais como antigamente, ou que não tem tanto tempo - podem dizer que isso é uma linha de progresso natural, que tem a ver com nosso tempo e as transformações na nossa sociedade. Não vamos dizer que isso não seja verdade, mas vamos fazer uma analogia com outra modalidade de RPG, um pouco mais antiga: os jogas de miniatura - ou melhor dizendo, a intersecção desses jogos com o RPG. Cronologicamente, poderíamos dizer que os jogos de miniatura precederam o RPG, ou que o RPG foi aos poucos se configurando sem miniaturas.... e que por isso, essa questão de mimetismo (representação da realidade) sairia perdendo para um viés imaginativo, para uma história e um cenário que se formam na mente dos jogadores, mais ou menos como num livro. Mas recentemente houve o retorno multicolorido das miniaturas: levantado pelo heroclicks e cia, as miniaturas do D&D voltaram às lojas, desta vez feitas de plástico, coloridas e disponíveis também em lojas de brinquedo. Ponto para os que dizem que o jogador hoje quer facilidades, quer as coisas prontas e teorias do gênero.

MAS O QUE AS MODALIDADES TRADICIONAIS TEM DE BOM?





"a idéia é de que um jogador pode ficar puto com o mestre e tal por causa de um "mau uso das regras", mas no MMORPG isso não seria possível"


CONCLUSÃO

"tem todo esse "outro" aí que tem que ser respeitado"

Agradeço especialmente ao Tadeu Adrade, que opinou sobre o texto via msn, dando muitas contribuições.