segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

A nossa relação com a arte pode se transformar


Nesta sexta-feira dia 06/01/2017 participei de um bate papo online na Roda da Aventura - uma conversa sobre RPG e Arte. Tive a felicidade de estar ali ao mesmo tempo parceiros e pessoas que eu admiro - o único rosto novo pra mim era o do Kazz. Infelizmente, duas outras convidadas não puderam comparecer (eu também as conheceria pela primeira vez ali).

Éramos então eu, Cecília Reis, Eduardo Caetano, Encho Chagas e o Kazz, cada um com seu ponto de vista e sua relação particular com os temas debatidos.


Mas este texto é um diálogo não com o vídeo propriamente dito, mas com uma postagem  publicada pelo Chagas no dia seguinte. Eu esperava tê-lo ouvido mais durante o debate - e depois (no debriefing) fiquei incomodado com a sensação de que fui grosseiro e pouco generoso com ele. E fiquei muito feliz que ele de dispôs a continuar esse debate mesmo não tendo sido o assunto ou situação mais confortável para ele.

Agora, eu continuo o diálogo comentando o texto dele ponto a ponto - correndo o mesmo risco que corri durante o debate - mas assumindo esse risco de coração aberto - como ele fez também. (Chagas uma grande inspiração).

Apesar de ser uma resposta direta a ele - e narrar, como ele também fez, algumas experiências pessoais - esse texto contém algumas reflexões que podem ser pertinentes a demais interessados no debate "RPG é Arte" (e em debates sobre arte de maneira geral).

(é muito provável que para a compreensão desse texto seja preciso ler o do Chagas, "Minha relação com a arte" primeiro, embora assistir às quase 2 horas do vídeo não seja necessário)


O Rolé do Balé

Não sou eu quem vai dizer para você que a frase “Hoje vai rolar um balé contemporâneo experimental no espaço X." pode estar genuinamente mais interessada no conteúdo da apresentação do que no rolê social que seria ir com os camaradas à uma apresentação de balé. Afinal, era você quem estava lá e que pode nos dizer o que havia no intertexto desse episódio.

Mas você mesmo parece apontar que "Não é uma exclusividade da arte". Só não entendo porque seria "muito mais evidente com a arte". Me dá a sensação, uma vez que você optou por contar essa história do balé, que essa impressão está sedimentada nas suas experiências pessoais e não em uma análise objetiva das realidades. Sensação essa a minha reforçada pela sua informação de que você se distanciou desse meio.

Então suponhamos que você tenha tido muitas experiências assim com "esse pessoal" do rolê da arte, que está ali pelo rolê social.... então você se distanciou e não teve muitas outras experiências significativas nesse meio que pudessem alterar essa sua percepção. Conheceu uma galera mais legal no design... e ficou com a impressão de que as coisas chatas são mais frequentes na arte. Será que não é porque teve uma primeira experiência frustrante com "o pessoal da arte".?

A gente não ouve o pessoal falando isso direto do RPG.? "Eu fui jogar, mas achei um saco". E aí a gente fala "mas é que você jogou num grupo em que não se encaixou", "moh paia esses caras com quem você jogou". 

Às vezes uma, ou algumas, experiências ruins criam uma barreira depois difícil de superar.

No final das contas você diz "Eu falei um pouco sobre essa temática colocando no ambiente dos jogos, dividido em dois vídeos." Porque é o seu ambiente. Mas você ser capaz de identificar isso em um ambiente qualquer, não significa que ele este ambiente se resuma a isso.

No fim das contas, essa sua discussão sobre teoria dos jogos, que você acha doida demais e outras pessoas achamque você está sendo pedante, crítico, chato, elitista querendo dizer o que é jogo bom ou ruim... etc... Não é um espelho da sua relação com a arte, os críticos de arte e os estudantes da arte? Só que em relação à arte, você está em outra posição?. 


Eu, o acadêmico

"Mesmo antes da minha passagem pela UEMG eu já havia desistido do sistema acadêmico de adquirir conhecimento."

Se você já tinha desistido... então... tipo!? Como você esperava... O que você queria que... bom, deixa pra lá.

Mas você se lembra da expressão "pote cheio/pote vazio"? Ter desistido do sistema acadêmico e ingressar no sistema acadêmico me parece uma receita para não aproveitar muito do que pode haver ali... Mas, enfim... jeitos de falar as coisas... que não vem ao caso ficar radicalizando ou esmiuçando.

Mas talvez caiba uma história. Eu estava no quarto ano de faculdade, e o professor de audiovisual (que viria a se tornar meu orientador no TCC) passou o seguinte vídeo do Bruce Nauman:



Durante algum tempo, ele falou sobre a obra. Explicou os aspectos poéticos, discorreu sobre as leituras que ela suscitava e evidenciou algumas das tensões e provocações que ela trazia para o debate da arte, do vídeo, da performance, da representação, da espacialidade, da relação 3d/2d, da fisicidade.... e por aí vai.

Eu pensei: "Caralho! Se eu visse isso passando numa galeria eu ia achar uma merda. Mas agora, depois que esse cara falou essa coisas... BUM! Minha cabeça explodiu. Agora eu vejo tudo isso. Agora eu entendo porque e COMO o Bruce Nauman é foda - e passo a ser capaz de enxergar relações semelhantes em outras coisas!"

Aí eu olhei pra cadeira do lado, onde tinha um bróder meu que, como eu, era designer e programador. Eu achava que ele ia estar com a mesma cara de "eureka" que eu... não estava. Ele estava puto. A aula acabou e ele saiu xingando. "Vai se foder. Eu faço quatro anos de faculdade prum cara ligar uma câmera e ficar andando em volta de um quadrado na frente dela e isso ser foda!?".

Aí eu me perguntei: esse cara estava na aula? Será que as coisas que o meu professor falou não bateram nada nele? Não fizeram sentido nenhum? 

Ou será que ele estava tão fechado para outras formas de olhar para algo que ele já tinha construído uma opinião, que não haveria nada que se pudesse dizer a ele para demovê-lo de seu "espírito crítico"?

Daquele dia em diante eu me pergunto: se ele não está disposto a aprender, a mudar... para que ele vai estudar, cara?

O pote cheio transborda. Não cabe mais nada ali.

É preciso ter o pote vazio. 
(Ou para alguns: permaneça tolo, permaneça curioso)


A minha experiência na faculdade de artes com o "rolê social"

Eu sempre fui um Nerd. Ou talvez... nerd não seja a melhor definição, sendo que ela foi atualizada.

Eu sempre fui um CDF.

E não era diferente na faculdade de Arte. Cara.... eu queria falar de arte o tempo inteiro (nem que fosse para discordar de todo mundo e xingar). Mas eu dava muita importância para isso.

Estudava, lia, queria entender o que não fazia sentido (mictório do Duchamp?! Quê?!...).

Eu fazia faculdade com minha namorada na época. (Fazíamos a mesma faculdade, éramos os dois designers e morávamos juntos... víamos as mesmas aulas). Era uma pessoa que tinha mais ou menos o mesmo background que eu, e era bastante fácil trocar ideia com ela.

E como eu era meio obsessivo e CDF (CDF ela também era), eu falava disso o tempo inteiro. Outros colegas da faculdade não faziam o mesmo. A gente começava a falar de arte, eles debandavam.

No quarto ano, um parceiro lá começou a trocar ideia sobre arte comigo. Ficamos falando umas duas horas. Ele falou. "Cara... dahora esse papo. A gente tem que conversar mais. A gente faz faculdade disso aí, acaba nunca falando disso na real". Bateu um rolê estranho: essa galera estava na faculdade pra quê?! Quarto ano, cara...! Quarto ano!


O Artista-pesquisador

Eu não conheço os cursos de arte da UFMG ou da UEMG. Então não posso comentar se eles formam críticos de arte. Mas entendo que esse não é, ou não deveria ser, o objetivo de uma faculdade de artes (não era da minha, e em geral não é das que conheço aqui em São Paulo ou outro lugares).

O objetivo é, se licenciatura, formar arte-educadores. Se bacharelado, formar artistas-pesquisadores.

E o que é um artista-pesquisador? Um artista pesquisador é, na sua respectiva linguagem, o que você, o Eduardo Caetano, o Luiz Prado... são no RPG, no larp, nos jogos... é um cara que pesquisa a linguagem, NA LINGUAGEM. Ele pesquisa pintura, FAZENDO pintura. Ele pesquisa performance FAZENDO performance. Ele vai ler, assistir, o escambau? Vai. Assim como vocês vão jogar, ler a respeito, etc. Mas O FAZER é a chave: a estética é interesse da filosofia. A poética (o fazer) é o interesse da arte.

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BATE E VOLTA

"Essa é uma discussão de pouco interesse ao mercado de jogos, mas essencial no estudo das artes."
- Sim. Muitas discussões são. Muitas. Imagina o que os jogos não teriam a ganhar com isso ;)

"Foi no estudo da história da arte que eu passei a curtir o trabalho de alguns artistas de vanguarda do início do século XX,"
- É no estudo (e na vivência, né?! Na frequência, no convívio) que a gente aprende a curtir as paradas. Cê toma breja a primeira vez, amargo, uma merda! Mas cê num tá acostumado. Aí vai tomando... pode ser pelo social a princípio... mas aí vai aprendendo que tem umas paradas ali. Essa é mais assim. Aquela é mais assado. Tem gente que não: continua fazendo a vida inteira pelo social, ou pelo hábito. Tem gente que se interessa e quer saber mais. Vira degustador. Começa a fazer cerveja artesanal.

E tem gente que prefere não beber porque é rum, dá dor de cabeça... causa acidente de trânsito.

"Cerveja." ;)

"em especial os expressionistas, que antes eu achava só uns borrões bizarros de tinta. Foi ao perceber as peças artísticas como diferentes tentativas de transmitir uma intenção (...) que fui entendendo essa conexão e finalmente começando a apreciar uma gama maior de obras. "
- Tchan! Essa é a chave. Foi porque você estava aberto - ou porque uma determinada explicação te pegou - que aquilo começou a fazer sentido. E talvez o mictório do Duchamp, ou a caminhada excêntrica do Bruce Nauman, ainda possam ter essa oportunidade ;)

"Eu achava só uns borrões bizarros de tinta" = "Só um mictório" = "Só um rolê de status" = "Só uma questão de elitismo". Às vezes, uma impressão que temos sobre algo é causado porque estamos ignorando alguma coisa - algum saber - sobre aquilo. 

Sobre o mictório do Duchamp. Eu havia lido no segundo ano da faculdade o livro "Arte Contemporânea: Uma Introdução" da Anne Cauquelin, com enfoque no primeiro capítulo, Os embreantes, no qual um dos temas é Duchamp. Legal, sim. Mas não me convenceu. Nada de explodir a cabeça. Saquei a importância: e só. Aí eu li um livro que chama "Marcel Duchamp ou o Castelo da Pureza", do Octavio Paz. BAM! Aconteceu: eu entendi aquele bagulho e minha cabeça explodiu! (um livrinho fino, leitura rapidinha... coisa pouca... papo de bar)

" 'valor artístico' estético"
- Eu já disse isso muitas vezes (inclusive mais acima nesse mesmo texto), não sei se para você. Estética é um campo da filosofia. A arte está interessada em poética = no fazer.


"À mim não vem nenhuma razão para criar jogos que o mercado demanda, mas sim os jogos que transmitem as mensagens que quero dizer. "
- Porque esses jogos são linguagem expressiva. São arte.

"não faz absolutamente nenhuma diferença (...) se o que eu faço é arte ou não, porém eu consigo encontrar respostas para várias das minhas dúvidas quando comparo a minha jornada profissional com a jornada do artista"
- Cara, você tem uma série de vídeos fenomenal sobre Teoria dos Jogos e Game Design. Você se imagina dizendo que não faz diferença pra você se o que você faz é jogo ou não? As teorias dos jogos serve para você entender melhor o que você faz. Te dar ferramentas, e fazer entender algumas coisas. Você admite aí que a comparação com "o artista" te faz entender algumas coisas do seu trabalho. Talvez a teoria da arte também faça. Talvez seja pra isso que importa, sim, entender que essa parada é uma arte também...

"Os artistas sugeriam descanso, esquecer um pouco o 'trabalho', atividades físicas."
- Kkkk. Não sei que artistas são esses. Artista tá sempre de saco cheio, só pode :P

"No final o que parece estar ajudando? Meditação"
- David Lynch é um artista que te indicaria meditação. (O Duchamp também!)

"5a arte... 6a arte"
- Bicho! Do que você está falando?! Que loucura é essa? Quem leva isso a sério?! Tão ensinando isso nas faculdades aí de BH!?

"NADA é mais chato que um crítico de arte."
- Pro povo do "D&D é o melhor jogo", nada mais chato do que você falando de experiência, design e o escambau. ;) Crítico de jogos? Teórico de Jogos? Tudo uma questão de ponto de vista.

"Mas se quem estuda arte não considera o que eu faço arte (...)"
- Eu estudo. Eu considero.

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Os Designers

Eu acho que a divisão que a faculdade de design empurra (quando empurra) de que arte e design são completamente separados é... depreciativa da arte.

Eu digo isso porque sou formado tanto em arte quanto em design.

Arrisco dizer que o ranço existe entre os imaturos. Há diferenças, é claro que há. Mas não são categorias estanques. VEJA A BAUHAUS. A "maior escola de design". Agora vá lá e veja o Balé Triádico, que surgiu dentro da Bauhaus. Vá lá e veja o Black Mountain College, que é uma das ramificações da Bauhaus e uma das instituições mais influentes da Arte Contemporânea.


Pra ser simplista, eu podia dizer que Design e Arte são tipo RPG e Larp: Podem até ser coisas diferentes, mas às vezes é muito difícil dizer quando começa um e quando termina o outro...


Um artista faz arte.

"Tem dente pontudo? Só sai à noite? Foge da cruz? Pra mim é um vampiro."
- Uau! E se, uma vez que você se percebeu um vampiro, você descobre que tem uma comunidade gigantesca que pesquisa sobre vampiros. Você ia querer se aproximar deles para entender mais sobre si mesmo ou não ia querer se misturar com eles porque, afinal, eles são vampiros?!

Cara... o que você critica no "crítico de arte", ou no "estudante de arte" é exatamente o que você está fazendo nesse momento na sua Teoria dos Jogos. Se aprofundando.

Se você se incomoda com esse povo pedante da arte... talvez esse sentimento seja mais parecido com o do jogador de D&D que se incomoda com você falando sobre Teoria dos Jogos, Design de Jogos - isso tudo.

Me parece que você venceu - talvez pelas boas companhias, talvez pela relação afetiva, pelo santo bater - a barreira da "resistência" ao "mundo dos jogos". Mas ainda não venceu  - talvez pelas más companhias, talvez pela relação aversiva, pelo santo não bater - com o "mundo das artes". E eu acho que você só tem a ganhar vencendo essa barreira.

Você acha realmente que esse ecossistema da arte é tão diferente assim dos ecossistema dos RPGs, ou dos Games? Gente que está lá pelo social? Gente que acha que "o meu é melhor que o seu"? Gente que fala coisas que ninguém entende. Críticos... Estudantes... e gente metida a crítica e metida a estudante... rs.

Você diz que não vê na arte discussões sobre a acessibilidade da arte? Então é porque você tem frequentado pouco a arte. (Será?) Do que tratam os museus, as equipes "do educativo", os centros culturais, os arte-educadores? Do que trata o primeiro piso da Bienal de SP todos os anos? Os caras tão tentando... nem sempre eles conseguem, rs.

Se você não vê esses esforços é, provavelmente, porque não está no meio. Ou você acha que no RPG mesmo é muito diferente?

Está vendo de fora. 

"Por quê algo tão mais simples e fundamentalmente atrelado à comunicação e expressão, precisa ser tão rebuscado?"

- Por que ele não poderia? Você falando sobre game design ou sobre teoria de jogos, eu tenho certeza que já ouviu um argumento praticamente igual a respeito disso. "Pra que complicar se o importante é se divertir? É só um jogo, cara! O objetivo é se divertir. Porque precisa ser tão rebuscado?".

"Em um nível estou me referindo à leitura dos meus jogos, mas eu me empenho também no acesso às ferramentas e técnicas que utilizo para fazê-los. Não foi justamente com outros desenvolvedores que adquiri mais conhecimento? Pois trabalho para que esse número de pessoas cresça e assumo, eu, a responsabilidade por simplificar a linguagem. Não pressuponho que assunto algum seja complicado demais. Apenas que minha técnica de comunicação ainda não é suficientemente eficiente."

- Isso é exatamente a MESMA coisa no campo da arte. A MESMA coisa.


CATANDO PIOLHO

Não confundir o discurso da arte com o discurso da "erudição" (muito menos da superioridade da arte em relação à qualquer coisa).

Entender que, porque há um lugar para o ESPECIALISTA, isso não significa que não há um lugar completa e igualmente válido para o NÃO-ESPECIALISTA (como na questão que o Kazz fez sobre cinema durante o bate papo).

Esse comentário do Jairo Borges Filho: "Na real, o discurso Indie intimida quem está "de fora" pelo tom abstrato das conversas; análise de processos, de regras, de experiências a serem transmitidas... ...só que é tudo muito teórico, ou abstrato demais, para quem quer apenas jogar  com os amigos. Eu mesmo tenho dificuldade em acompanhar essas conversas com frequência. Seria um outro nível de "RPG pelo RPG", eu acho..." (experimente substituir "discurso indie" por "teoria da arte" "jogar com os amigos" por "curtir" e "RPG" por "arte".... só pra ver o que acontece)

Agora esse comentário do próprio Chagas: "Provavelmente a minha postura com relação a isso não tem ajudado em nada a percepção do rolê indie. Dá pra apontar fácil um ou outro que teceu várias críticas ao rolê indie como um todo após ler um post meu criticando D&D." Substituindo "rolê indie" por "arte" e "um post meu criticando D&D" por "um discurso sobre arte".... Acho que isso oferece um entendimento bem interessante da questão que o próprio Chagas tece na postagem dele, em especial sobre a "acessibilidade da arte".

2 comentários:

  1. Estou adorando esse debate. Muitas vezes considerei o estudo da arte uma perda de tempo no cursos de design, deixei o pote cheio demais na época.

    Sou uma intersecção entre o mundo de exatas e o artístico, minha mente lógica, orgulhosa, refutava a importância das aulas de história da arte e principalmente da tipografia "é interessante para o conhecimento, mas pouco pragmático".

    Admito que o presente debate sobre RPG e Arte me tirou um pouco da minha caixa de papelão.

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  2. Fico feliz por estar contribuindo de alguma maneira, Alisson :)

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