quarta-feira, 31 de março de 2021

O dia da celebração (v 0.1.1)

esta postagem ainda é um rascunho¹



Criei um larp
Coisa simples
Chama 'o dia da celebração'

É um Larp de festa: jantar, festinha de aniversário, celebração da firma...

Ainda preciso acertar um contexto.

Durante toda a celebração, todos os personagens tem que apoiar uns aos outros e celebrar mutuamente suas conquistas, qualidades, personalidades e cada colocação que for feita.

Qualquer ideia que seja oferecida ao grupo deve ser acolhida, elevada, continuada, aumentada pelos pares. Ainda que nada se faça a respeito no momento, afinal, hoje não o dia de fazer. Hoje é o dia de celebrar.

pedir a palavra

A qualquer momento. Qualquer momento mesmo. Qualquer jogador pode bater com uma colher em sua taça para pedir atenção.

Mas quando o jogador faz isso, é o jogador quem faz isso, e não seu personagem.

Os convíveres todos vão silenciando e, sob silêncio total, o jogador que pediu atenção falará livremente

Nesse discurso, esse jogador poderá falar sobre os poréns que seu personagem veria sobre o que está sendo celebrado, incentivado, partilhado por todos

Pode falar o que seu personagem realmente estaria pensando

É o momento de colocar para fora as interdições, as contradições, as antipatias e advertências

Nenhum outro jogador deve interrompê-lo

Por extensão, o recuso de pedir a palavra pode ser usado para que o jogador comunique aos demais jogadores alguma coisa que ele sinta necessidade de comunicar.

Outro jogador não pode pedir a palavra na sequência.

Antes de fazer isso, o clima de burburinho, confraternização e celebração deve ser reinstaurado no ambiente.

condições

Como o jogo emula uma reunião social, as condições de início e término do jogo estão diegeticamente definidas.

Recomenda-se que os jogadores combinem antecipadamente a duração do jogo (e eventualmente, dependendo do contexto da Narrativa, um anfitrião para a reunião social) e encerrem a celebração obedecendo aos ritos que seus personagens seguiriam

MAS, que tenham uma estratégia para se encontrarem novamente, sem seus personagens, após o término da representação.
Esses são os ritos do jogo

Para além dos ritos,
Poderia-se incluir um cardápio de situações

situações (e influências)

Situações específicas podem funcionar como catalisadores da experiência.

Uma das inspirações para esse jogo é o Larp de final de ano "Festa da Firma". O contexto de uma celebração no ambiente corporativo suscitaria determinados temas para a experiência, diferentes daqueles que seriam levantados em uma formatura de faculdade, uma reunião de turma 20 anos após formados (como no Larp Encontro de ex-alunos), um chá de bebê ou casamento, o aniversário da matriarca de uma família aristocrática em decadência (semelhante ao Larp "A Vida Elegante"), reunião de um partido político (como no Larp Panaceia).

Outra inspiração é o Larp Novas Vozes na Arte, que traz as taças e os solilóquios/monólogos

Novas vozes na arte, inclusive, é um Larp inserido dentro da tradição nórdica. Um contexto onde o recurso do solilóquio/monólogo é chamado de metatécnica e entendido como um recurso disponível para a comunidade de criadores e jogadores de Larp.

Há muitos larps na tradição nórdica que usam a técnica de solilóquio/monólogo, mas eu não consigo me lembrar de nenhum, no Brasil, que faça isso com esse nível de centralidade para a experiência

Novas Vozes na Arte, até onde eu sei, continua inédito no Brasil (e eu continuo tendo planos para realizá-lo, sozinho ou junto a outros conspiradores, em especial ao Luiz Prado no contexto do grupo Boi Voador)

Outro lado que serviu de fonte de inspiração para esse jogo e que pode inspirar uma sessão de 'o dia da celebração' é 13 à mesa, primeiro Larp do Dogma 99, que apesar de ter nome de livro da Ágata Christie é ele próprio inspirado num filme do manifesto Dogma 95 chamado Festa de Família - que também pode servir como inspiração para 'o dia da celebração'

Por aqui, o Larp Calendário, especificamente em sua realização para o Fervo 2017, é certamente uma fortíssima inspiração para o dia da celebração. Interessados podem ler sobre essa experiência por mais de uma perspectiva, já que relatos sobre esse Larp, naquela ocasião, foram escritos por mais de um jogador.

Também brasileiro, o Larp Álcool, apesar de formalmente muito diferente de o dia da celebração, certamente está no horizonte dessa elaboração poética. Fica nesse parágrafo registrada a minha indicação para conhecê-lo

Mas certamente, uma forte inspiração são os larps Lady and Otto, também nunca jogado no Brasil, mas apresentado no contexto brasileiro pelo Wagner Luiz Schmit, em sua palestra promovida pelo NpLarp em 2013...

E uma sessão específica de Um Seixo, organizada no contexto do LabLarp em São Paulo, em 2013.

Soma-se à influência de Lady and Otto as palestras sobre Comunicação Não-Violenta e Comunicação Apreciativa de Pedro Consorte.

Ironicamente, o dia da celebração nasceu em um dia de celebração, mesmo, quando Leandro Godoy apresentou seu artigo para o livro do Knutepunkt numa conferência online. E apesar de jogo ter germe de tensão, e a celebração que o disparou não ter tido.

Além das referências que sou capaz de expressar, um leitor atento ao cenário poderá ver ali outras relações não nomeadas mais ou menos implícitas.

Som, ruido e silêncio, vamos conversar lá fora e outras proposições que circulam na internet e em grupos de prática de Larp certamente devem conter parte dos componentes genéticos que resultam em o dia da celebração. E eu arriscaria nomear alguns outros, ainda mais distantes quando examinados superficialmente.

Mas as listas dos jogos que já existem que compõe o código genético desse lado já está grande.

Mas para além dos jogos que já foram transformados em texto ou já foram propriamente jogados, muitos jogos que permanecem inéditos certamente compõe a base do que veio a se tornar o dia da celebração. Se esses jogos nunca se materializarem em nenhuma forma, mesmo assim eles já tem alguma existência dentro dessas linhas e terão cada vez que o dia da celebração for jogado.

variação

se for para dar uma puxada na direção do Lady and Otto, dá para usar o recurso de pedir a palavra para o jogador expressar que determinado personagem usou a comunicação de forma violenta, depreciou ou criou constrangimento, ele pode pedir para "voltar a cena"

todo mundo age como se aquilo não tivesse sido dito e quem disse tenta formular de outra maneira, considerando a perspectiva que foi exposta



¹ postar este rascunho aqui faz parte de uma tentativa de fazer circular parte das minhas anotações que tenho acumulado há anos e que dificilmente pegam um pouco de ar puro fora das gavetas

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