segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

O Jogo Imita a Vida, sementes e descobertas

postado originalmente no facebook em 18 de fevereiro de 2013

Me perguntaram pouco antes da palestra com o Wagner como eu tinha conhecido o larp nórdico... E então eu me lembrei do texto do Clayton Mamedes, que eu li na RedeRPG, onde encontrei o termo arthaus larp. Uma busca por esse termo me levou até o Manifesto Dogma 99 do Eirik Fatland e do Lars Wingard. E foi depois da leitura desse manifesto que eu fiz o primeiro rascunho para A Clínica.

Hoje o texto de Mamedes pode ser encontrado aqui no site do NpLarp, com o título O Jogo Imita a Vida.

Então, enquanto eu lava a louça eu pensei: Caraca... se não fosse o Clayton, não teria Guia de Larp!

E agora eu fico aqui pensando... como será que foi que ele ficou sabendo...?

Clayton Mamedes respondeu
Cara, boa pergunta!! Meu primeiro contato com LARP foi com a linha WoD, no lançamento do Mind's Eye Theatre. Jogamos mto nesta época, até que migramos para Cthulhu Live. Creio que as referências deste último me levaram a pesquisar mais a fundo.
Fico agradecido pelo meu texto ter influenciando tanta coisa bacana.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Merda no ventilador

Tem muita, muita, muita coisa escrita na internet. Muita coisa que parece interessante para ler..
e mais de 99,9% de tudo isso é um lixo. Um completo lixo, ou uma coisa meio esquisita que por pouco não é um lixo.
No Gamestorming, por exemplo, eu perdi meu tempo lendo dois artigos - um sobre narratologia, outro sobre cultura participativa - que foram o pior lixo que eu podia encontrar na internet a respeito. As pessoas que escreveram nesses artigos sequer tinham ideia sobre o que estavam falando... eu não sei nada a respeito desses temas e mesmo assim, sei mais do que o que aqueles caras estão postando ali. E eles sequer se preocupam em tentar disfarçar isso (não que disfarçar fosse bom, mas demonstraria que eles estavam de ma fé... não estão!). E o conteúdo desses manés que não tem mais o que fazer, que não leram e não estudaram porra nenhuma dos assuntos que estão postando, está dividindo espaço e url com conteúdo bacana, de gente que realmente tem o que dizer.

Um outro patético que li por lá foi sobre "game art", onde o cara ia extrair o significado de "arte" de um dicionário do sesc (o que já é pitoresco em si) e chegava a conclusão estapafúrdia que arte tinha a ver com virtuosismo(!). WTF!? O texto prosseguia esquizofrênico, apesar dessa conclusão risível, não a usava para nada - prosseguia argumentando num sentido oposto (e surpreendentemente um passo mais próximo das discussões que efetivamente se fazem por e dentro da arte... mas apenas um passo).

Lembro-me sempre da expressão que Emile Zolá usa para designar as conclusões de um de seus personagens "leituras mal digeridas". A internet é uma ostentação sem fim de leituras mal digeridas, emulações mal feitas, tentativas de mímese fracassadas.... de repente me deu saudade até mesmo da faculdade (e de toda aquele circo dos horrores). Ao menos, entrávamos em contato com textos relevantes... com ideias relativamente bem organizadas. É por isso que persiste o modelo medieval de faculdade? Por que é o jeito que há, hoje, de garantir alguma curadoria coletiva (não monoumbiguista) das leituras?

É por isso que eu reluto tanto e demoro tanto para escrever e publicar qualquer coisa... por isso que fico tanto tempo com um texto escrito guardado.... esperando sedimentar, vendo se tem relevância... é por isso que mesmo depois de tanto tempo pesquisando larp, escrevi pouco mais de cinco artigos inéditos sobre o tema (para o nplarp). Porque eu não quero "sair por aí jogando merda no ventilador". Se tem um texto por aí melhor que o meu, igualmente acessível e legível.... deixo o meu pra lá: apresento o original, compartilho minhas fontes.

Escrever por escrever - ou "sentar e escrever" como dizem alguns - é contribuir para encher a internet de merda.

Estou fora (na medida do possível) e denunciarei os praticantes de tal ato sórdido sempre que me revoltar a tal ponto.